Ouço uma vóz que clama ser ouvida;
Vejo cenas as quais não desejaria ver;
Sinto aromas e perfumes que me fazem molhar as vistas;
Vejo sombras da minha vida mesmo no escuro;
Tampo meus ouvidos, prendo a respiração, me isolo;
Choro calado, sinto vergonha, talvez em saber que sou igual a todos;
Uma nova fenda se abre a cada instante;
Mesmo me esforçando vejo apenas o breu que meus olhos permitem ver;
Parece que nada é o que eu tenho, mesmo tendo tudo;
Comecei adentrar a fenda, meus medos vieram à tona, o calafrio tomou por completo meu corpo;
Cada passo dado, uma sensação se aflorava;
Mas não podia deixar de descer, afinal tenho tudo e sou nada;
Depois de muito esforço; me choquei com a resposta;
Um contorno de luz, que refletia a minha sombra logo ao lado;
Percebi que eram idênticas, e consegui encontrar a tal resposta;
Todos os medos, todas as sensações, lágrimas sumiram como se mágica;
Não tardei a questionar, quem era que tanto se parecia com minha sombra;
E de imediato respondeu:
Sou nada mais que você vivendo um dia de cada dia...